Niver " Família Penna"
Oh! que saudades que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais!Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais!Como são belos os diasDo despontar da existência!— Respira a alma inocênciaComo perfumes a flor;O mar é — lago sereno,O céu — um manto azulado,O mundo — um sonho dourado,A vida — um hino d'amor!Que aurora, que sol, que vida,Que noites de melodiaNaquela doce alegria,Naquele ingênuo folgar!O céu bordado d'estrelas,A terra de aromas cheiaAs ondas beijando a areiaE a lua beijando o mar!Oh! dias da minha infância!Oh! meu céu de primavera!Que doce a vida não eraNessa risonha manhã!Em vez das mágoas de agora,Eu tinha nessas delíciasDe minha mãe as caríciasE beijos de minha irmã!Livre filho das montanhas,Eu ia bem satisfeito,Da camisa aberta o peito,— Pés descalços, braços nus— Correndo pelas campinasA roda das cachoeiras,Atrás das asas ligeirasDas borboletas azuis!Naqueles tempos ditososIa colher as pitangas,Trepava a tirar as mangas,Brincava à beira do mar;Rezava às Ave-Marias,Achava o céu sempre lindo.Adormecia sorrindoE despertava a cantar!
Casimiro de Abreu
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